sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Enraizada.

Tem dias que tudo que a gente quer é sumir.
Nao 'sumir' propriamente dito, como desaparecer da Terra.
Mas fugir pra outro lugar, viajar pra um país onde ninguém te conheça, ninguém saiba o seu nome.
Ficar a milhas e milhas de distância de toda e qualquer lembrança que nos faz sofrer.

Mas... eu não sou assim.
Quero dizer, a vontade de sumir eu tenho, mas já me conformei que sou uma pessoa "enraizada".
Estava agora mesmo conversando com uma amiga sobre isso.
Eu não consigo 'sumir'.
Isso me fez lembrar de uma estória ao mesmo tempo triste e engraçada (vendo hoje, por um ponto de vista diferente, é claro).
Em 2005 eu tive uma dessas 'vontades de sumir'.
Na época, queria fugir da dor da perda de uma pessoa, na verdade um rompímento doloroso demais.
Não estava suportanto tanta angústia quando uma amiga me liga e diz "vamos viajar? Passar uns dias num sítio?".
Não pensei duas vezes e logo aceitei o convite.

Arrumei a mala correndo e logo minha amiga chegou pra me buscar. Uma galerinha indo aproveitar um fim de semana de sol num sítio com piscina bem longe daqui. Tá bom, né?
Eu, uma fortaleza só! Quem diria... Saiu pra viajar sem avisar o 'ex-atual-namorado' que eu tanto amava, mas estava brigada com ele.
Respirei fundo e lá fui eu, criei coragem e uma força que nem eu acreditei.
Já no carro me arrependi de ter ido. Foi assim... imediato.
As amigas cantando, conversando, tentando me animar com a promessa "a viagem vai ser ótima!"

Sim, claro... 'aham'.
Eu de carona nem tinha como pegar o primeiro retorno e sair correndo pra casa e pros braços do 'ex-atual-namorado'. Que saco! Booooooooooooooaaaa, Luciana! Não sabe nem se 'revoltar' direito. Bela rebelde que você é.
Enfim, chegamos no tal sítio. Já tinha ido pra lá antes uns anos atrás e o lugar é divino.
Mas dessa vez eu´só pensava "estou longe da minha casa, longe do que é meu, longe dele, ahhhhhhhhhhhhhh".
Um desespero e fobia começaram a tomar conta de mim. Passei o dia inteiro chorando, até a noite.
Uma festinha boa rolando lá fora e eu dentro da casa, sozinha, trancada num quarto, chorando...
As amigas vinham tentar intervir, e eu só pensava "distância chata, tô longe de tudo, o que eu tô fazendo aqui?"
Obviamente que a gente odeia ser estraga-prazer e cortar o barato da galera animadíssima em volta da piscina. Mas as pessoas viram que eu estava tão mal, mas tão mal, que resolveram me levar de madrugada mesmo pra rodoviária da cidade. O nome da cidade? Lumiar, perto de Nova Friburgo. Pois é, eu estava somente a 2 horas de casa.
A viagem foi angustiante. Mesmo sabendo que estava indo pra perto de tudo que é meu, a cada minuto eu ficava mais ansiosa pela chegada.

Quando cheguei em casa... agora sim! Estava aliviada. Claro que peguei o telefone e liguei pra quem? Pra ele...
Hoje quando penso nisso acho engraçado. Como pode ser assim tão enraizada? Admiro aquelas pessoas que viajam e passam 1 ano fora do país. Acho incrível! Eu não consigo. Já percebi. Pelo menos não sozinha, ainda mais se estiver com alguma 'pendência' a resolver como era esse o caso.
Acho que se um dia eu ganhar uma viagem pra Disney, por exemplo, com tudo pago, a primeira coisa que vai passar pela minha cabeça é "e agora? o que eu faço com isso? alguém quer???"
Pesquisei e vi que isso tem um nome: Agorafobia - medo de lugares abertos, de estar na multidão, lugares públicos ou deixar lugar seguro.

Hoje estou assim, querendo "sumir". Mas sei o quanto é ruim estar longe de tudo e de todos, então paro, penso, respiro fundo e só espero.
Mas esperar... ah, esperar dói!

Pra esse post, lembrei das seguintes pessoas: Renata Cordeiro (a amiga que convidou pra viajar), Renata Amaral e Rafael (as duas pessoas que me levaram pra rodoviária na madruga, rs), Amanda Luz (a best friend de todos os tempos, com quem eu falei hoje mesmo sobre ser 'enraizada') e "ele" (o ex).

"O Amor não deveria ser exigente, senão, ele perde as asas e não pode voar, torna-se enraizado na terra e fica muito mundano". (Osho)

2 comentários:

  1. Parece que foi hj, amiga... Confusões que a gente arma na nossa vida,né? Saudade!!!
    Bjo, Re Cordeiro

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  2. Amiga, liberte-se!
    Te amo... você não precisa ter medo de nada! Viva a sua vida!

    Bjossss

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